domingo, 30 de setembro de 2012

faz


Faz favor de abrir esse teu coração que já troquei os meus véus

Antes tingidos de coisas banais

Agora, mais de você do que nunca

Mais certo que o início seco do outono

Olhar de mistérios

Cabelos emaranhados delicadamente

E esse teu andar macio assim, menino

Indiferente demonstra não sentir

Me embala no seu ritmo indie

Me  chama pra você.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

speechless


vai para longe...
presta atenção
até agora deu tudo errado
e um brinde aos vencedores dos sentimentos
mendigarei porque? nao eu
dito como ladrão da fusão
achas que nao perceberia antes do troco
o beijo do judas na bochecha da face suada
de incansavelmente lutar só com o cabo da espada?
meu egocentrismo me garante
"há males que vem para bem"
e aí infame?
cospe bolas de fogo queimando sodoma
depois tenta apagar com águas de pranto
nao estavam os ja vividos errados
e que o fim de tudo é inevitável
já aprendi mês atrás
enterre os segredos
e guarde o mapa

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Sano Insano


Parece que ultimamente caminha na rua olhando para os pés. Para a observar as folhas secas do outono que dançam delicadamente ao vento sul e pensa nas coisas que talvez não saiba ou não tem certeza.

Corre de pressa menino atrasado no tempo. Chega de trocar olhares repletos de interrogações. Permita-me, quais são seus planos para o futuro? Já criaram uma máquina do tempo? Dono do medo, te sirvo um prato quente de “as coisas são assim”, te apresento o mundo afora.

oh

As decisões que são como uma bala que cai em um cinzeiro cheio, anulam uma possível vida feliz, fazendo-o explodir a mente com isso, eu sei. Traduz o rubor que sente na face, mesmo cheio de mentiras ao falar.

A alma grita de amores amantes.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Culminante.


Ultimamente são tantas as perdas em minha vida que eu já não sei se consigo ser atingido com algo pior. Algumas por escolha, outras inevitavelmente sem a mínima opinião.

Talvez eu não seja uma inabalável bola de aço na qual aparento, ou não. Talvez eu esteja tão sensível que um simples oi mal dirigido a mim, já arruína o resto do meu dia.

Sorte que sei escrever.

Sorte? O que é isso? Não me lembro de nunca nem ter visto de longe, muito menos sentir o gosto.

Nada como o tempo para curar tudo, dizem. Esquecendo-se que o mesmo tempo pode continuar fazendo efeito contrário. E por que não?

Posso ver no futuro próximo as perdas se aumentando e me pergunto se a vida é só isso...

São tantas as lágrimas que já secam sozinhas. E eu achando que não tinha mais lágrimas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Âmago

Debaixo de uma árvore, no centro da cidade, observo as crianças brincando no parque, o sol está quase a pino, o verão é quase de marte, o vento sopra quente e abafado, tal que é preferível sem.

Há um velho no banco mais próximo, as solas do sapato já gastas do uso contínuo, olha fixamente para o infinito. Faz horas que ele está ali, de vez enquanto muda de posição, mas a expressão facial ainda continua crua, sem sentido, um pouco ignorado por quem passa.

O sinal da rua fecha. Uma buzina soa junto com um tchauzinho e um sorriso meio de lado, apagadinho, era pra ele. Ele, o senhor com a amargura interna. Mas ele fingia não existir nada, perdido em distantes pensamentos.

Fui perguntar o que lhe afligia. Sua Donnatela havia partido, sua companheira desde sempre, agora fazia parte do silêncio. Não existiam mais os cachos prateados da idade avançada, a doçura dos olhos azuis ou a leveza da voz de um rouxinol. Ela havia se calado. Shhhhh. E a ele somente restava um afeto ainda pulsante separado por sete palmos de terra úmida.

O que faltava no tal homem era a paz que sobrava agora à sua senhora, enterrada há três dias em seu melhor vestido florido com uma expressão límpida.

Os suspiros roucos ainda romperão os seus lábios e a paz será inatingível até que deitado ao lado de sua Donna estiver encontrado, sem perturbações, sem esses batimentos cardíacos ridículos que se apossam dos meros mortais.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Tic Tac

A janela do meu quarto está suada, anunciando que a temperatura la fora está muito baixa, aumentando assim a carência de qualquer ser humano. Ai inverno.

Adoro andar na rua úmida, sentir o vento sul colidindo cortante no rosto, fazendo minha pele ficar mais branca que o normal, um tom quase fantasmagórico. Os ossos tremendo, implorando por um agasalho, mas eu não cedo, afinal espero por isso desde o inicio da primavera passada. Que ótimo. As crianças brincam de ser fumantes, os cachorros de rua morrem congelados, os humores melhoram e sentar no sofá pra assistir um filme fica muito mais interessante.

Ainda vou morar na Europa, em alguma cidade onde a temperatura mais alta seja de 10 graus, á mais de meio quilômetro de algum vizinho, em uma casa que eu mesmo planejara. Ta distante, mas eu vou. Assim como o planejado de quando eu era criança para o agora deu certo, porque não daria o meu planejado para o amanhã novamente? Antes de surgirem as rugas, por favor. Meu império.

Não quero esperar a morte deitado em uma cama, sendo observado por pares de olhos cheios de dó.

Eu sei, vou atirar todas as pedras de costas, por cima do ombro, sem olhar onde vão cair. E daí? Quem é por mim mesmo? iiih

Ou então vou gastar o resto da minha vida, viajando em atlânticos, pensando nos pobres que bajulam por favores, sem condições de pagar a refeição da noite, ou os calçados que gastam sem pressa alguma ou já se encontram gastos. Vivendo e morrendo enterrados no dinheiro alheio. Uma desesperança desesperadora. Um reboco na parede da vida.

Não eu.

Também posso comprar um cavalo branco e pinta-lo a crina de rosa, roxo ou azul, e cruzar as terras percorrida antes pelos meus ancestrais. Refazer o trajeto tentando traduzir o que o vento ou as marés furiosas tem a dizer, por que não? Me diz aí, e que seja convincente.

Sempre me empenhei em não ter uma rotina, será perfeito.




domingo, 3 de junho de 2012

Superado.

acho que agora, finalmente, posso dizer que não há mais nada entre nós.

Pego a caneca com café preto fumegante e atravesso a casa iluminada somente pela luz do aquário da sala, sem pressa, seguindo pelo corredor, entro no quarto vazio, a não ser por uma cadeira e uma escrivaninha. Sento à frente da máquina de escrever que mal funciona desde a minha infância, me ajeito em uma posição confortável e inspiro o aroma inigualável e forte de um café bem passado que vem em forma de vapor em direção ao meu rosto.

estou perfeito e impecavelmente bem. ou pelo menos no nível que nao costumam estar meus padrões; padrões que nunca foram lá tão normais.

Estou normal.

meu dias agora não tem mais o brilho falso e rosado dos olhos doces e otimistas de um apaixonado, ou a áurea cinza e opaca de uma depressão pós-término, depressão a qual demorei MUITO tempo de desilusões para se conformar.

Sinto o som das teclas enferrujadas como música. Doce. Muito doce.

como em todos os clichês, me sinto mais forte depois disso tudo.

Passo a mão por meu cabelo emaranhado e não consigo atravessar meus dedos nem por metade dos fios. Deixo pra lá, voltando a me concentrar na mágica anestesiante vinda daquele pequeno objeto.

honestamente, não quero mais seu amor, mas também não o vejo com ódio. sinto que fomos apenas tomados por sentimento sem fundamento, que não deviam ter aflorado, e se agora eles não existem mais, tudo o que eu posso fazer é me sentir grato, eu fiz a minha parte.
espero que pra você também não haja mais sofrimento. sofri o que tinha que sofrer de uma vez, sofri com intensidade. se você decidiu que sofreria aos poucos e controladamente, não posso interferir. se você continua a se torturar por tudo isso, não há modo de me culpar.
acho que tem toda a razão do seu lado. porém sei que, apesar de toda a turbulência, não vai conseguir esquecer, não de tudo. afinal de contas, eu também não vou.

não mais,
te amo.

Percebo que preciso de um cigarro. Atravesso a casa novamente, levando a caneca vazia, e decidindo por deixar o papel de tinta ainda sem secar, escondido entre tantos outros rascunhos.