terça-feira, 5 de junho de 2012

Tic Tac

A janela do meu quarto está suada, anunciando que a temperatura la fora está muito baixa, aumentando assim a carência de qualquer ser humano. Ai inverno.

Adoro andar na rua úmida, sentir o vento sul colidindo cortante no rosto, fazendo minha pele ficar mais branca que o normal, um tom quase fantasmagórico. Os ossos tremendo, implorando por um agasalho, mas eu não cedo, afinal espero por isso desde o inicio da primavera passada. Que ótimo. As crianças brincam de ser fumantes, os cachorros de rua morrem congelados, os humores melhoram e sentar no sofá pra assistir um filme fica muito mais interessante.

Ainda vou morar na Europa, em alguma cidade onde a temperatura mais alta seja de 10 graus, á mais de meio quilômetro de algum vizinho, em uma casa que eu mesmo planejara. Ta distante, mas eu vou. Assim como o planejado de quando eu era criança para o agora deu certo, porque não daria o meu planejado para o amanhã novamente? Antes de surgirem as rugas, por favor. Meu império.

Não quero esperar a morte deitado em uma cama, sendo observado por pares de olhos cheios de dó.

Eu sei, vou atirar todas as pedras de costas, por cima do ombro, sem olhar onde vão cair. E daí? Quem é por mim mesmo? iiih

Ou então vou gastar o resto da minha vida, viajando em atlânticos, pensando nos pobres que bajulam por favores, sem condições de pagar a refeição da noite, ou os calçados que gastam sem pressa alguma ou já se encontram gastos. Vivendo e morrendo enterrados no dinheiro alheio. Uma desesperança desesperadora. Um reboco na parede da vida.

Não eu.

Também posso comprar um cavalo branco e pinta-lo a crina de rosa, roxo ou azul, e cruzar as terras percorrida antes pelos meus ancestrais. Refazer o trajeto tentando traduzir o que o vento ou as marés furiosas tem a dizer, por que não? Me diz aí, e que seja convincente.

Sempre me empenhei em não ter uma rotina, será perfeito.




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